2.2.14

vácuo dos dias


um vácuo no meu cerne . A vontade sempre infinita de preencher a mente de conceitos póstumos , raciocínios    negar o ócio genético humano .
Durmo , como , escrevo  -  palavras destemidas sob a luz lunar .
Respiro , leio , absorvo  -  paisagens momentâneas de transeuntes .
Alguém me rasga o cérebro e o espreme para beber com sofreguidão . Adormeço na vã tentativa  de abrir as pálpebras e achar a Vida .

Tacteio as ruas desta cidade onde nunca encontrei o amor . Procuro achar-lhe um novo espírito diário no quotidiano ( a bela utopia para os refrescantes almas ) .
Apenas as crianças vêm o mundo sorrir com pedras nas suas mãos . Correm sobre elegantes jardins , sorrindo á vida que eternamente os aguarda .
Como é bom ser criança e respirar todas as certezas de uma só vez !
Mas um dia há um tiroteio .
A cidade acorda sobressaltada e correm para a rua   desvairados .
Morrem sem sentido na calçada
                      Outras lambuzem-se no sangue quente .
O charco negro se inicia – (semivida ? )
Átomos e seus empilhamentos entranham-se na madrugada lunar :
És poeira cósmica
Sangram-te os cabelos no mar
As árvores na sua crosta são a casa
Que desabitas pela tua alma incerta

O teu braço me procura

No teu tiroteio ?

4 commentaires:

  1. Leio-te melancólica... O que será de nós? Resta-nos lamber as feridas...

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  2. és um achado,
    belo, belo, tremido e quente
    nunca deixes de suspirar palavras

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  3. que sensações-bomba plantas em mim. mas limitas-me ao lânguido tique-taque, neste levitar sobre aquilo que dizes, que não dizes, que foi, que está por ser.

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  4. Elegi-te (como não podia deixar de ser), para o Prémio Dardos.
    Visita este link:

    http://alicesalterego.blogspot.pt/2014/02/premio-dardos.html

    Um beijo,

    Alice.

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