12.1.14

poema





Saberão os deuses quantas chagas trago na alma .
Toca piano farpado
Inicia-se a corrida do leve vestígio de memória
                            Breve  efémera  .

Entre nós             há o abismo da solidão .
Entre nós             correm rios de pele áspera .

O castigo de conter um corpo tão impregnado
                                                                                     De sais  emoções  desarmamentos
É a melancolia  náusea   desconcerto .
Mergulha-se na corrente febril das palavras e elas acharão por si mesma o túnel.

Que venham puros nomes
Magnetizar constelações
Sistemas , o universo absoluto

Que se abençoem os amantes
Por não existirem palavras
Para os seus soluços
                                           Para os seus gemidos
                                                                                   Para os seus braços rasgados

Recolhemos-nos um momento
Como breves carapaças á chuva
Ouçamos o silêncio da cidade moribunda

És um corpo físico  ,  imenso
Existes e isso basta .

Outros pisaram esta terra de calçada portuguesa
E outros virão na tua alçada

Sejamos agora uma possessão pura
Fruto de um devaneio inútil

Adormece no meu regaço enquanto
Trabalho a atmosfera do pensamento .


3 commentaires:

  1. Pelas linhas fluem com graciosidade sentimentos, cultura, intelecto, fervor, taciturnidade, genialidade.
    Parabéns... há vibrações sensoriais nas tuas linhas... e por cá me acomodarei.

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  2. e como não te consegui comentar da outra vez, Flávia quase desejo que o teu assombro continue para poder continuar a ler todos estas tuas emoções fantasma, as tuas palavras fazem-me egoísta ao mesmo tempo que me têm a torcer por ti

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  3. Ler-te. Ler-te, sim, é tão puro quanto o batimento cardíaco de um pássaro. Ler-te é isso e transmite tantas sensações como se as palavras ganhassem voz e se conjurassem em torno de mim, de cores indefinidas. As tuas palavras têm aura. Nunca pares de escrever <3

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