9.6.13

Claustros







Deambulava ao som do silêncio na maré de chamas . Enquanto que meu cabelo se arrebatava contra o vento , mergulhei em profundas memórias tuas .
Pressenti um arrepio no tutano e ouvi , ao de longe , um velho piano melancólico .
Procurei por as notas que ele exaltava e quis deslizar por entre elas . Mas agarrei apenas , suas partículas de pó que permaneceram sustenidas no ar .
                      Formulei com elas um perfume que me recordava de teu cheiro em dias de tempestade .

Adormeci com meus pulsos perfumados e ao amanhecer , encontrei as notas do piano escritas sobre eles. Ao de longe , ainda pude ouvir tua voz ressoando nos claustros .

9 commentaires:

  1. brilhante... sobretudo o último parágrafo

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  2. uma voz, doces notas de pianista - que coisa tão bela.

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  3. é verdade doce...
    está lindo!

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  4. tenho preferido chorá-los que escrevê-los, é verdade - oh, que me perdoes.

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  5. mas a dor há-de passar, pelo menos assim o espero.

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  6. as tuas palavras aqueceram-me a alma, obrigada :')

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  7. o piano é de tudo um tremer, um cheiro.

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  8. belíssimo..! mergulhamos nas palavras e, por momentos, não queremos regressar à tona.

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  9. ah... mas um cheiro não tem descrição possível. o piano? é o amor, a melancolia também, a liberdade... toda a dualidade de travo e doce. É o inalar do cheiro, não o cheiro em si. O frio quente que aquenta as veias, o estremecer pela frescura do diferente. Deixar-se contorcer pelo olfacto e fechar os olhos... e relembrar a saudade todos os dias.

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