19.5.13

Pulsos Quebrados





Como me encosto a ti , aninhada nesse feito que ferve a solidão . e procuro esse laço que te detêm as mãos e beijo teus pulsos para não ficarem tão quebrados .
Quando nos afundámos por entre as sombras e procuras o meu calor por entre as pernas , naufragas como se o púrpura do céu fosse uma miragem .
Vasculho na tua constelação o recanto que trazes escondido nas solas dos sapatos, mas quando estou perto de o alcançar agarras-me o coração ,sugando-o .
                                                                                                                  E beijando meus ombros , recordas-me de quantas cores pode ser feita a lua .

6.5.13

Sem sufocos





Afoguei-me .
                    Afoguei-me nessa inspiração que foste fornecendo dia após dia , ressaltando nas impurezas de meus brancos cadernos.
Dói-me a cabeça .
                            Revives no seu interior , embatendo vezes sem conta no meu crânio enquanto que tento compor teu fervor e tua compaixão .
Percorres-me nas veias e chegas-me aos meus completos poros , deixando de ser eu para me constituíres por inteiro de ti .

Dilaceraste-me na noite em que me acusas-te . Em que me quiseste cortar as mãos para não escrever mais . Eras cego de cólera , de fúria contra mim.  E eu dei-te minhas mãos , de verdade .
Não escrevo neste momento com elas , escrevo com uma possessão sobre meus lábios e tento tragar meus próprios pés para não me desintegrar .

Agora , que partiste , completas-me mais do que pressentes . Vou compondo textos entupidos e salgados para que te sinta em meu corpo constantemente .
Te revogo que regresses , apenas uma vez . Para que leves contigo as
réstias de teu fervor que habitam em mim .