26.12.13

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Pupilas dilatadas de ausência concreta
O outro preenche o sonho desnudo da insónia
Agarrar-te   a mim    na inocência da obsessão
Ranger os dentes frívolos na carne ilusória .

Nuvens unas    semidesfeitas   da hora sem tempo
Ecoa …


O vento
Quebra-se contra o vidro e já é a sinfonia imperdível .
O vento
Carrega no tórax quinhentos corpos nus para o Inferno .  


A Terra
Elemento táctil á semelhança de teus dedos .
A Terra
Corpo quente rasgando-se no Espaço .


O Fogo
Cantar longínquo de nativos portugueses   ,   brandam aos Deuses um degredo na Sibéria fria .
O Fogo
Espaço que estalida entre nós .


O Chapéu
Elemento neutro , sem fumo de um cavalheiro neutro .
O Chapéu
Toque de perfume do teu elemento caloroso .


As ondas
Movimento perpétuo  entre a Lua e a Terra – O amor encaixado de dois astros mortos .
As Ondas
Movimentos que repetes em meu interior – são o amor físico e desesperado de dois corpos amargos .


As Costas
Escadaria ossal , semiperfeita   .
As Costas
Cemitérios imensos de pele pálida beijada .


Os Dedos
Prolongamentos esguios de um corpo físico estranho
Responsáveis pelo tacto que é o sentir permitido .
Os Dedos
Pregas finas de enleio
Tacteio-te até ao âmago da alma .


Poesia
Movimento semilivre de palavras . Tudo permitido , nada  verdadeiro .
Poesia
Letras fixas na clavícula , já predefinidas para o teu cerne carnal .


Ser mítico de pele e chamas     tu o és .
Quem te encontrará nesse mar  turbulento ?





15.12.13



Adormeço com teu fantasma enroscado a mim
Leve , poeirento , querendo-me desenfreadamente !

Toco-te . Mil partículas de pó envolvem
Num esmagador abraço. Lábios comprimidos
E mãos cheias de pudor .

Enclausurados nos amámos
Nessa dádiva
a que chamam ardor

Passo a passo nos afastámos

Para que não cresça a dor .

6.12.13

absoluto



Somos um amontoado de células em constante ardor , meu amor .
Carregámos silêncio em nossos ventres , de que nos serve ?
Ahh! – Quando teu corpo paira sobre o meu , de que me servem as interrogações ?
- Quando me buscas no meu interior absoluto , de que servem os meus mórbidos pensamentos ?
A tua luz fúnebre de óleo desenterra-me . Fabrico cometas para bloquear a estrada das tuas veias azuladas .
Os cabelos acumulam-se no rolo
Agarro-os , encaixoto-os , memorizo-os
Sempre mais uma inércia para a minha conta .

O ópio que que evaporámos de nossos corpos , asfixia-me .

Pudesse eu amar-te sem que existisses e
Possuir-te sem que aqui estivesses .


Falece o ardor sobre a palma branqueada
Carrega-se o fardo de um fado que nos é estranho

Oro.
         Por uma hora fechada que
Leve esta alma inquietante de mim .

Entranham-se-me nas vísceras mil demónios quando me beijas na testa , na final despedida .