29.7.13

Cru




“ O tédio é o sangue que escorre das feridas temporais . “ – argumentas-te , interrompendo uma manhã de silêncio crua de Janeiro . Abraçámos as têmporas um ao outro sabendo que ambos repousámos sobre a melodia da ilusão. Desfigurei tua mente e alma , tornando-os fraco como tabaco .
E este relógio … do lado esquerdo da varanda … conta meticulosamente todos os segundos , enlouquecendo-nos .
Fazemos amor por entre caixas de pó que nos recordam dias sorridentes de dos velhos jovens .

Aconchego-me a ti murmurando - “ A ginástica da memória pura fere-me .  Talvez por não saber amar .”

21.7.13


Senti o teu escorregar por entre os meus dedos .

Sei-o hoje que as poeiras do amor ficam sempre encaixotadas na memória.

17.7.13

http://apetalrainuniverse.tumblr.com/


Que triste é a noite sem os contornos
Da lua , em que duas palmas juntas
Se assemelham a um olho escondido num caule
Em que serpentes e frescas elevações de ar nela habitam

Estas paredes , que nos tangem de mármore
                                                                     Quebram-se .
Seus estilhaços me escrevem orações subtis na face .

Teus dedos perseguem meus antebraços
Beijando ao de leve meus ventrículos
De repente , soam mil bombardeamentos
Na minha mente ! -    São teus versos que me lampejam fervorosamente

7.7.13

Traços Perdidos




Minhas noites são estes traços solitários a que chamas amor .
Escreves cartas nesses mastros infindáveis que murmuras aos pássaros do mar . Ouço-os todas a manhãs . Mas tu sabes disso , não é certo ?
Queria fazer-te uma página de questões : “ Como te sabe este cheiro a fim ? Nossos lábios não eram doces como pétalas de chuva ? “
Este nosso jogo exaustou-nos . Por entre rodopios de danças é difícil ver teu rosto ; por estas enormes cartas é difícil descortinar-te , nestes lagos nocturnos em que nos banhamos  é difícil sentir-te .  Tu és difícil .
Tenta dar-me só uma ponta de compreensão .
Poder-te-ia nomear nesta noite que não tem fim em minha alma . Uma semelhante  á aquela que cortámos estrelas de cartão e construímos nosso céu .
Escrevo-te dele .
Deste céu baixo , curto , triste e cheio de sonhos perdidos . Não sei porque nos mantenho neste impasse , porque nos faço crer .
O âmago de nosso amor esta reconfortantemente destinado .
Vou escrever no verso de nossas estrelas um daqueles poemas que sabem a lágrimas de sal .
Deverei esperar por ti ? Traçada ?