25.6.13

Perseguições





Os contornos dos teus braços refulgiam-se num emaranhado de cabelos encaixotados . E procuras desatá-los , lento a lento . Formulando mentalmente breves equações históricas de amor para que um dia as escrevas na palma da tua mão á chuva .
Entrelaças-me os lábios e afogas-me num abraço destemido . Persegues-me os contornos enquanto que o fumo se redescobre na tua pele . Agarro-o , tacteio o seu sabor de vitória para que te trespasse o ventre.
Ele parte , velozmente . 

Quebras-me de novo o espelho da alma .

14.6.13








Os poentes melancólicos sucedem-se
Embatendo sempre no muro de meu quarto

Um azafamado violino ressoa
Nas veias dos altos mastros
                                                                  Esbatendo-te.

Ela estava ao meu lado, velha
E seu cabelo branco feito de neve
Ofuscava . Sua pele de escamas envolve
Meus antebraços .

Acorda do eterno pousio e foge
Para o seu ser espelhado . Quebra-o
Construindo com seus estilhaços

Um estridente entardecer .

9.6.13

Claustros







Deambulava ao som do silêncio na maré de chamas . Enquanto que meu cabelo se arrebatava contra o vento , mergulhei em profundas memórias tuas .
Pressenti um arrepio no tutano e ouvi , ao de longe , um velho piano melancólico .
Procurei por as notas que ele exaltava e quis deslizar por entre elas . Mas agarrei apenas , suas partículas de pó que permaneceram sustenidas no ar .
                      Formulei com elas um perfume que me recordava de teu cheiro em dias de tempestade .

Adormeci com meus pulsos perfumados e ao amanhecer , encontrei as notas do piano escritas sobre eles. Ao de longe , ainda pude ouvir tua voz ressoando nos claustros .

1.6.13







O que é uma casa , tão forte - quadrada
Protege contra os ventos, o calor
Fechamos os olhos ao passar a entrada
Cerramos cortinas no interior.


Mas o coração pode soar
Qual bomba e o cérebro ser estridente
E as janelas podem voar
E as paredes , saltar de repente ...